Transtorno de Personalidade Borderline: entre limites, escuta e cuidado

No filme Garota, Interrompida, a personagem Susanna, interpretada por Winona Ryder, escuta pela primeira vez um termo que mudaria sua forma de se compreender: transtorno de personalidade borderline. Em resposta ao diagnóstico, ela pergunta ao médico: “Borderline entre o quê e o quê?” — uma dúvida genuína que traduz a essência do transtorno: o estar entre fronteiras, entre extremos emocionais, entre si e o outro.

O termo “borderline” significa, literalmente, “limítrofe” — sugerindo a vivência constante de quem se sente à beira, oscilando entre a estabilidade e o caos, entre o apego intenso e o medo do abandono. É nesse território emocional sensível que a Psicologia clínica se faz presente: oferecendo um espaço seguro de escuta, acolhimento e construção de sentido.

O transtorno borderline não surge de uma única causa. Ele é resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psíquicos e sociais. Isso quer dizer que há uma predisposição genética envolvida, mas também experiências marcantes no desenvolvimento afetivo, padrões de relacionamento e maneiras de lidar com a dor emocional.

Na prática clínica, o cuidado com pacientes borderline exige sensibilidade, empatia e firmeza. A relação terapêutica torna-se um espaço central, onde o vínculo com o outro — que tantas vezes foi vivido como instável ou ameaçador — pode ser refeito de maneira segura e ética.

Ao longo do processo psicoterapêutico, é possível:

  • Reconhecer e validar os sentimentos intensos que muitas vezes são julgados ou mal interpretados.
  • Trabalhar com os mecanismos de regulação emocional, buscando mais estabilidade e compreensão de si.
  • Resgatar histórias de vida, traumas e vínculos que ajudaram a construir as formas atuais de se relacionar.
  • Fortalecer a autonomia e a autoestima, permitindo que o sujeito reconstrua sua narrativa com mais coerência e menos sofrimento.

A psicóloga Helena de Oliva atua com base nessa escuta clínica cuidadosa, entendendo que, por trás de cada diagnóstico, existe uma pessoa única — que precisa ser ouvida com respeito, presença e compromisso ético.

Referência
Conteúdo adaptado do artigo original do Estadão sobre transtorno de personalidade borderline

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